sábado, 18 de junho de 2011

Capítulo VIII - O TENEBROSO "H"

              


 No CAC, em uma manhã de uma sexta feira chuvosa, Mariana Mickaela estava nervosa em sua sala sentada em seu bureau quando repentinamente começa a escutar vozes:

Voz  1- E aí? Já descobriu o paradeiro de Hugo?
Voz  2- As mortes não podem ficar impunes.
Voz  1- Estamos procurando uma luz!
Mariana fica gelada, seu coração acelera e ela começa a falar em voz alta:
- Meu irmão, pare doido! Eu morro de medo de espirito e eu não quero ficar escutando vozes não! E aqui não tem luz pra espirito nenhum não.
Voz 2 – Tás doida é? Somos nós! Eu e Rafaela.
Mariana Levantando-se da cadeira e esticando-se para ver quem estava do outro lado do seu bureau, vê que eram as duas professoras mais baixinhas do CAC. A professora de Japonês, Mariana Maciel e a professora de Literatura Brasileira, Rafaela Alcântara.
Mariana tentando disfarçar a gafe – Meninas, me perdoem, eu sabia, estava só brincando, querem chocolate?
Mariana Maciel – Não, nós queremos saber alguma coisa sobre o paradeiro de Hugo, afinal, todos aqui estamos correndo riscos.
Olá meninas – Entra na sala a professora Ana Carolina Moura Neves Cordova – Gente, eu tô passando aqui porque o clima tá muito chato aqui na Universidade e nós temos que nos distrair, temos que voltar a sorrir e a ficar longe de tanta tensão.  Vai ter um show massa esse fim de semana, Vamos? Tô passando de sala em sala convidando os professores.
Mariana Maciel – Ai, que bom, show de quem?
Carol – Luíz Caldas, adoro, sou fã. Sei todas as coreografias! (E começa a dançar como de costume, sua dança preferida – Eu queria ser uma abelha pra pousar na sua flor ...)
Mariana Mickaela super empolgada – Meu irmão, tô dentro!
Rafaela – Oba, adoro!
Mariana Maciel – Eu topo, mas mesmo assim estou achando essa situação aqui no CAC insuportável.
Mariana Mickaela – Galera se acalmem, eu já recebi um comunicado da atual reitora, estamos nos articulando pra melhorar a segurança.
Luíza entrando na sala – Galera, aquela vaca da reitora está chegando aí.
Todas na sala manifestam surpresa e apreensão, ninguém gostava da reitora, ela era uma mulher que comandava a universidade com punhos de ferro, em menos de um ano depois do inicio de seu mandato ela já havia fechado o RU e suspendido os concursos para novos professores. Era chamada de ditadora e carrasca pelos funcionários da universidade.
Entra na sala a Reitora Josicleide Guilhermino
Sem olhar para ninguém e já sentando na cadeira de Mari ela afasta os papeis em cima da mesa e diz com sua voz incisiva:
- Olá, seus incompetentes, quero uma reunião agora com todos os professores.
Mariana Mickaela revoltada – Como assim incompetentes? Nós estamos nos empenhando o máximo pra manter as aulas dentro da normalidade, sofrendo por saber que nosso colega é um assassino e ainda estamos correndo perigo. Isso é uma absurdo – olhando pra Luíza- Né, nega?
Luíza se esquivando da responsabilidade pra não perder o emprego, deixa Mari argumentando sozinha e diz.  – Josi, amor! Você aceita uma café.
Josi – Já era pra estar pronto. Cada minuto a mais aqui nesse CAC  e perto de vocês é uma tormenta. E aliás, desde quando você se dirige a mim como você?
Luíza – Oxe, desde a nossa graduação!
Josi – Pois é, fizemos a graduação juntas. Eu sou reitora e você professora. Quer que eu seja mais explicita?
Luíza passada – Não! Entendi. Tudo bem!
Josi – Então, na moral! Vá fazer esse café! E vocês – dirigindo-se as outras professoras e a diretora do CAC – vão chamar os outros professores incompetentes!
Luíza ao sair da sala resmunga baixinho para Mariana Mickaela – Vou mijar no café dessa peste!
Mariana – Na moral, bote fé!
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Meia hora depois, já na sala de reuniões!

Josicleide – Olá a todos! Primeiro, gostaria de dizer que essa reunião ...
Josicleide é interrompida por um professor lindo, amável e inteligentíssimo.
- Josi, querida, como você está?
Ela olhando para a cara do professor, reconhece alguns traços de beleza, mas preferindo não se esforçar pra lembrar – Ah! Não, não lembro, mas não gostei de ser interrompida.
- Sou eu, Alberon. (Esperando alguma reação por parte dela, ele continua.) - Alberon Lopes.
- Ah! Lembro vagamente. Você era o rapaz que tirava xeros né?
Alberon passado, tenta disfarçar a morgação e dá um sorriso sem graça.
Josicleide – Em fim, terminou? ou era só isso? se for, senta aí e vamos continuar a reunião, pois o assunto é urgente.
E de repente é novamente interrompida pela chegada da lindíssima Bruna Bandeira.
Todos ao vê-la perguntam como em um reflexo. Hoje tem brownie?
Bruna havia enriquecido e aberto algumas filiais da Bruna’s Brownie LTDA em algumas capitais do nordeste, mas nunca trazia nenhum para seus colegas.
- Não, não tem!
Luíza - Não tava pedindo não, eu ia pagar!
Bruna – Desde que você me passou três notas de R$ 5,00 falsas fica difícil acreditar.
Luíza muda de assunto – Sim, Josi e aí, continua.
Josicleide – Fique calada, na verdade eu chamei Bruna aqui pra ter a confirmação de que Hugo é realmente o assassino.
Bruna – É sim, depois de segui-lo, investiguei seu passado e até mesmo invadi seu apartamento, peguei alguns livros, roupas, joias e dinheiro, mas tudo dentro da lei e em nome da investigação. Em fim, analisei todos os dados que tinha e confirmei que ele é o suspeito mais próximo de ser o assassino.
Claudiana – Então..., Você fez a investigação e tem como afirmar 100% que ele é o assassino.
Bruna – Não, 100% não, mas digamos que há 99% de chances que ele seja o assassino?
Josi – Sou uma mulher prática, 20% de chances pra mim já basta pra tomar medidas drásticas.
Claudiana – E quais seriam.
Josi – Vou mandar matar.
Todos olham para a reitora e veem em seus olhos que ela não brincava quando dizia aquilo. Agora, os professores estavam em um dilema. Seriam alvo das investidas assassinas de seu amigo ou deixariam que o matassem.
De repente, entra Vinicius na sala e diz com sua voz sirenica: Encontraram Juliana e Pryscilla no Curado II, elas estavam tentando roubar o cartão VEM de um menino de oito anos pra conseguir chegar até aqui de ônibus.  Juliana chegou até a bater na criança, mas acabou apanhando, pois havia outros colegas do menino por perto. Mas isso tudo já está resolvido, elas estão sendo ouvidas pela polícia e estão denunciando Hugo formalmente.
Comoção total na sala de reuniões, todos agora estavam certos de que Hugo era o assassino e não havia mais como negar ou pôr isso em dúvida.
Josi –Tenho que ver as meninas, ver se elas estão bem.
Luíza – Ownnn, Josi, que fofo, tás preocupada com elas é??
Josi - Quero saber quando elas vão poder repor as aulas. Não quero saber de moleza na minha gestão.
E assim, os professores viram que o CAC e suas vidas estavam em mudança e que nem a vida deles ou de Hugo estaria a salvo, mas pra não pensar mais em problemas foram todos ao fim da reunião curtir a noite ao som de Luíz Caldas.
Os professores não sabiam que Hugo havia escutando toda a reunião de dentro de um armário que havia na sala. Ele pensava, enquanto estava escondido, em como seria matar seus colegas e como seria interessante vê-los sofrer. Imaginava como seria ver Claudiana gritando ao ter sua perna serrada, ouvir Vinicius gritando ao ter agulhas enfiadas em suas unhas e ver Alberon desesperado ao ver sua coleção de CD's de Gal Costa quebrados, mas nada seria mais delicioso que ver André Cavalcante, Rafaela Alcântara e Mariana Maciel em um buraco de um metro e meio cheio de cobras venenosas sem poder escapar. Sim, ele havia enlouquecido. Hugo agora estava mais guiado pelas emoções em seu coração que por seus planos tenebrosos, ele agora era um animal matuto e ferido à solta e nada ou ninguém tinha garantias de que sua vida estaria a salvo ao entrar em seu território. Ele agora não tinha mais nada a temer, a federal era seu território, o CAC era seu labirinto sombrio.